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Economista que coordenou plano Mais RN diz que o pior cenário virou realidade

Fundador e diretor da Macroplan, empresa que realizou o estudo para promoção de investimentos para os próximos 21 anos, afirma que os poderes viraram as costas para o Rio Grande do Norte

Quase quatro anos depois de iniciar o trabalho de diagnóstico para compor o Mais RN, um extenso plano de desenvolvimento econômico e promoção de investimentos do Rio Grande do Norte para 2016-2035, envolvendo 420 setores da economia, o fundador e diretor da Macroplan, Cláudio Porto, está de volta a Natal.

Desta vez com a missão de negociar com a Federação da Indústria, patrocinadora do projeto, uma atualização do documento, concluído em 2016, a partir de um de seus piores mais temidos cenários: o problema fiscal. Ironicamente, este cenário – o último do estudo – atende pelo nome de “Derrubando o Elefante”, uma alusão ao formato do estado no mapa.

Aos 70 anos, o economista, filho de mãe de potiguar, natural de Jardim de Seriodó, diz que já viu muita coisa em suas andanças pelo Brasil, mas poucas tão difíceis e complexas como a atual situação financeira em que está mergulhado o Rio Grande do Norte.

Já se sabe, pelo próprio Cláudio Porto, que 80% do Mais RN não precisarão ser revistos, pois está correto em sua estruturação formal e analítica. O objeto da negociação com o presidente da Fiern, Amaro Sales, é outro: produzir um documento e caráter econômico a ser entregue aos futuros candidatos ao Governo do Estado.

Como aconteceu com o documento original, o temor do economista é que este também seja ignorado pelos candidatos como o anterior foi pelos governos Rosalba e Robinson.

Nesta segunda-feira, 19, ele ainda não sabia se a Macroplan executará o trabalho. Durante entrevista ao Agora RN, disse que há três claras prioridades para o RN neste momento. Primeira, construir um pacto para devolver alguma eficiência anos serviços públicos açodados pela crise financeira de origem fiscal; segunda, tornar esses serviços públicos mais eficientes por meio de um acordo entre todos os poderes, cada um abrindo mão de seus próprios privilégios, hoje insustentáveis; e terceira, estabelecer urgentemente um ambiente mais amigável de atração de investimentos – hoje algo que, na opinião dele, está longe de ser minimamente suficiente.

O economista lembrou que, apesar de ser um estado pobre, os poderes no RN vivem como ricos nem um pouco dispostos a abrir mão de seus privilégios. “Aqui, o poder Legislativo é o mais caro do Nordeste, que em 2016 custava per capita para cada cidadão potiguar RN R$ 104,9, enquanto aqui do lado, no Ceará, essa conta era R$ 65,00”.

Não ficou só nisso. Evocou dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) que no RN era, em 2016, de 2,8 com cada aluno custando para o Estado R$ 2.500,00 por ano e, em 2015, sem subir em nada, apresentou um custo por aluno de R$ 5 mil. “No mesmo período, Pernambuco com um Ideb de 3,9, saiu de um custo por aluno de R$.1500,00/ ano para R$ 3.200,00.

Para Cláudio Porto, o que falta no RN é um “pacto de solidariedade” que permita ao Estado voltar a trabalhar. “E não haverá uma solução que seja fácil”, avisou.

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