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Sem espaço no MDB e sem falar com Garibaldi e Walter, Henrique deixa partido após 52 anos

Sem espaço no MDB e sem falar com Garibaldi e Walter, Henrique deixa partido após 52 anos

O ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-ministro Henrique Alves anunciou nesta quarta-feira, 30, a sua saída do MDB, após 52 anos no partido. Saiu para se filiar, provavelmente, ao PSB por onde será candidato a deputado federal nas eleições deste ano.

Henrique saiu atirando, sem esconder mágoa dos primos Garibaldi Filho e Walter Alves, que hoje comandam o MDB do Rio Grande do Norte, embora afirma que não guarda mágoas.

Em carta, ele diz que o partido que ele construiu “se apequenou”, ressaltando que “não falo de números, falo de sentimentos. O querer bem e fazer o bem.”

A permanência de Henrique Alves no MDB ficou insustentável. A crise com o deputado federal Walter Alves, presidente do partido no estado, começou em 2018, quando ele, Henrique, foi acusado por Walter se ter trabalhado para evitar a sua reeleição. Henrique teria levado bases do “bucurau” tradicional para votar em Benes Leocádio, que acabou se elegendo deputado federal como o mais votado no estado.

Henrique nega essa versão. Porém, Garibaldi, pai de Walter, e que foi companheiro político de Henrique por cinco décadas, não acreditou na palavra do primo. Em janeiro deste ano, Garibaldi anunciou rompimento político e familiar com Henrique.

Leia a íntegra da carta de Henrique:

“Prezadas e Prezados conterrâneos! Queridas e Queridos bacuraus!

Queria, por um milagre, que todos vocês pudessem me ver agora, escrevendo essas palavras.

Uma emoção intensa, imensa.

Um filme passando diante de meus olhos, em câmera lenta… MDB, a minha história.

1966, 56 anos de vida do MDB.
1970, início do meu caminhar.

Naqueles tempos difíceis, eu, um jovem de 21 anos, segurava a bandeira verde do MDB, com a coragem do mundo… porque aprendi cedo, com meu pai, que a luta é constante e a esperança não morre…

Nunca estive só, pois sempre esteve ao meu lado o bacurau solidário, polegar para cima, camisa verde, o abraço, o aconchego. GRATIDÃO!!!!

Construímos, ao lado de tantos companheiros, de ontem e de hoje, uma casa linda, aconchegante, fraterna e democrática.

Nesse caminhar de lutas e ideais, o reconhecimento do meu Estado, que na minha décima primeira eleição, em 2010, me presenteou com a maior votação da minha história: 191 mil votos!

Nessa estrada de muito trabalho e serviços prestados, sofri também derrotas, percalços e provações, mas sem jamais esquecer minha origem e fortaleza: o ninho bacurau.

Até que Deus, com sua bênção, me deu a maior vitória no Judiciário nacional: a absolvição, por unanimidade, de uma acusação absurda. Justiça foi feita!

Do Brasil, recebi o parabéns respeitoso.
Do Rio Grande do Norte, o carinho e a solidariedade pelo reconhecimento da minha inocência. Bacurau verdadeiro, livre, enfim, para voar…

Sobreveio, então, um estranho e inesperado gesto: a direção estadual do MDB não reconheceu os meus longos anos de militância no partido. Passou a não me ver, não me ouvir, não me falar. Não me querer…!

Infelizmente, aquela casa que construímos se apequenou. Não falo de números, falo de sentimentos. O querer bem e fazer o bem.

Saio hoje do MDB ao qual dediquei toda a minha vida. Porque a escolha, como disse Nelson Mandela, “tem que refletir a esperança e não o medo.”

Sigo movido pela esperança que nunca me faltou.

Agradeço aos partidos Cidadania, PSB, Republicanos, PL, Avante, pelos convites tão honrosos que demonstram respeito pela nossa história e correção.

Aos que ficam, sem ressentimentos, desejo boa sorte!

Vou buscar meus caminhos de paz, porque tem muito Rio Grande do Norte pela frente!

E, na saudade abençoada do meu pai, “sem ódio e sem medo.”

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